quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Os Avatares Portugueses ?

Caros blogonautas, hoje apresentamos (um capítulo de) um texto de ficção escrito na língua de Camões que pela sua beleza de imaginário e de formato de escrita em email inovador poderia ser candidato a um prémio literário ou mesmo adaptado para ganhar o Óscar de melhor argumento de filme.

Divirta-se, pois o bom humor/ficção diminui o famoso stresse, que como sabeis pode ser (também) causa de ataque cardíaco, diabetes, depressões entre muitos outros.

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Re: FW: O PIOR aluno do mundo..

Caríssimos:
Existem, realmente uns problemas a resolver


1- Com o 25 do A, muitos retornados voltaram à metrópole. Nenhum problema, alguns amigos mais chegados ao peito daí vieram e muitos contribuíram para desenvolver a nação: como em tudo existiram de todos, incluindo um grupo que à pressa trouxe o diploma de licenciatura assinado ou não. Até se inventou a anedota que os mais honestos foram os que ocuparam os postos mais baixos (o trabalho especializado requeria o tal papel assinado...). Mas esses problemas não lhes foram exclusivos: quantos professores universitários (na metrópole) se tentaram sanear ou mesmo pendurar numa árvore qualquer e lá houve uma época com clímax num ano que se assinou para quem o solicitou...

2- Estes trabalhadores diferenciados assim permaneceram no próprio sistema de ensino e com a sua estagnação durante anos puseram em prática o que aprenderam... De tal forma, que comissões (com certeza poucas?) de júris lá foram/vão assinando os que lhes passam pela frente ou não. Uma mão lava a outra e as duas lavam a cara - As assinaturas compram os lugares seus, dos filhos, dos amigos e dos que lhe pagam... (de uma forma ou outra)

3- "Quem pensa como o chefe está mais perto de ser subchefe..." Como é óbvio cria-se um sistema de trocas. Bastará ir ao Diário da República nos últimos 30-35 anos e facilmente se cruzam os dados... É claro, que pelo meio se deixam introduzir gente com capacidade e mérito próprio, que sendo inteligentes são também espertos e à troca de favores, como por exemplo, fazer doutoramentos ou artigos para outros lá se vão colocando na progressão da carreira de modo a não colocar em causa tão belo sistema feudal. Muitos foram obrigados a ir buscar outras paragens.

4- Como é óbvio, resta a questão das estruturas/laboratórios/investigação/extensão na vertente de financiamento. Porventura alguns dos presentes saiba muito mais disso do que este outro português qualquer (que também poderia fazer belos textos sobre isso...)

5- Mesmo que estas "forças invisíveis para quem não sabe ou não quer ler" se façam sentir mais num lado do que noutro, elas nunca poderiam exercer influência se não tivessem a anuência voluntária ou não dos decidores/"influenciadores".

6- Mesmo em áreas como a nossa, conhecendo o percurso e comportamento de muitos, geralmente usados para atingir os tais lugares, seriam necessárias forças muito intensas para não manter esta "corrupção formativa" que atinge todas as áreas e delas dependem... A força mais intensa de todas seria idêntica à que teve presente nos preços do fuel. Esse é o último recurso... ou talvez não...

AGORA A PERGUNTA CRUCIAL:
Qual a percentagem de especializados que ultrapassaram o limite do idóneo e que influências podem ter para mudar tudo (mudar o suficiente) para nada poder realmente mudar? Quem souber responder a esta pergunta saberá prever o futuro, no que a isto toca.

Bom jantar!



Em 25-01-2010,... escreveu:



"Em 1969, o indiano Shiv Pappu Charan fez uma promessa à namorada: assim que ele conseguisse formar-se numa escola para adultos já poderiam casar-se. Na última semana, aos 74 anos, foi ver as pautas das notas e descobriu que tinha chumbado pela 38ª vez!
Apelidado já de "o pior aluno do mundo", o melhor que conseguiu, de um a dez, foi um 3,4 a hindu... E a matemática já conseguiu chegar a 0,5!!! "Vou estudar até passar de ano, pois a minha motivação é poder casar-me", diz o voluntarioso estudante. E acrescenta esta atracção turística: "Quando vou fazer uma prova, as pessoas vêm de vários lugares da Índia para me ver", conta."

Eu tenho pena do homem e vou mandar-lhe a seguinte carta através do jornal que relata esta história:

Exmo sr. Shiv Pappu Charan,

Fiquei muito comovido com a sua história e a sua persistência. Decidi fazer uma colecta para que possa estudar em Portugal. E esqueça isso do curso básico para adultos, porque você merece um curso superior. De resto, já inscrevi uma vaga em seu nome na Universidade Independente (se reabrir!), e no ISCIA, em Aveiro, reputadíssimas a nível internacional e com um excelente leque de professores e chefes. Se não reabrir temos também as Novas Oportunidades. Vai ver que não só casa como ainda chega a chefe, administrador de um banco ou mesmo a primeiro-ministro...

Um português qualquer